Céu


Esvoaço leve de borboleta
Que me leva a pousar
Suave.
O ar que doce inspiro,
Liberto em longo suspiro
Que se mistura com o vento.
Me enche o peito aos poucos
De pura alegria.
O Sol chapa de frente,
E, por baixo dos quentes raios brancos,
Que refletem em meus olhos,
As margaridas e as azedas amarelas,
Bailam com as borboletas,
No tapete verde dos trevos.
Contrastes fluorescentes,
Se prendem pelo branco de orvalho.

Em íntimos tragos me lava a cara,
A brisa gorda e amorosa,
Corre como ribeira,
De água fresca e cristalina.

Tudo se compõe num céu sonoro
Onde o azul é verde
E as estrelas são flores.

Será isto o céu na Terra?

A gentil harmonia ecoa,
Numa mistura dela com o raspar do vento,
Pintalgada de passarinhos.

Magia entra sem bater,
Me rasga os lábios até às orelhas,
Como se me provasse aqueles cantos com a boca.

A delgada voz dos Deuses,
Esquiva entre as folhas e raios,
Me entorpece,
Como flor que frouxa.
Desço.
Agora,
Trevos são árvores,
E as abelhas são falcões.

Serei eu uma flor?
Meus braços folhas,
E meus cabelos pétalas?

Sou desta Terra.
Sou como gota que cai ao chão
Que logo junta em veias ribeiras,
E me ensopo neste êxtase,
Que faz lama de paixão.

Quem me oferecera ser vaca
e pastar desta erva,
Até encher as quatro barrigas de amor
Como mais ninguém pode.

Aqui quero viver.
Aqui quero o meu eterno alívio.



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