Grão de areia que sou,
Ao mirar o azul estrelado,
Rompe no pontilhado
A desde logo e para sempre
Diferente.
Estrela cadente, corpo ardente,
Que te faria trocar as constelações
Por um grão apenas diferente?
Se não te querem no céu
Quero-te cá eu, já quente.
É tão bom acordar com uma estrela
Daquele sonho, da solidão.
E que agora que não sonho,
Agora que tenho o sono apagado,
No teu, talvez esteja aceso.

E se os cometas te desprezam,
Por não seres igualmente indiferente,
És corpo movente, independente.
Força da Natureza, tão disso consciente.
E também eles giram à tua volta!
Pendentes dependentes,
Na tua mente regente, rainha.
E também eles invejam a tua coroa!
Que é calor celeste .
E exibem uma crista de quem quer ser,
E que é reflexo do teu forte ser,
E que, vergonhosos, escondem de teu ver.
E cada vez que vejo nos tens olhos
Cai uma rajada de tis,
Que cai por mim
E que cada um atinge a minha essência
Que fica diferente eternamente.

E como rocha que olha escultor:
-Quando chegares embeleces?
Ou danas?

E como grão que olha estrela:
-Posso?
Ou vais queimar?

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